Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2007

Estrela 08 - Ficus, sp

Imagem
Ficus sp. Nascida epífita e espontaneamente, semeada no andar superior da floresta por algum pássaro, esta impressionante árvore resplandece além da Pérgola da Flor de Jade *, exibindo poderosas raízes que contrastam com as sombras silvestres e com a folhagem verde-escura de uma monstera escandente em seu tronco . É uma árvore que cresceu na contra-mão do usual e comportado de-baixo-para-cima da maioria . Quem a vê imagina que é pra lá de centenária , mas foi devido a um expediente ” nada louvável” que , em menos de 40 anos de pura “ ingratidão ”, chegou a alcançar o avantajado porte : ela estrangulou sua hospedeira – outra árvore , que lhe serviu de berço e de escada – da qual se nota ainda algum vestígio , quase totalmente emparedado em celulose . Até o dia em que o doutor Cornelius C. Berg ( talvez atualmente o maior especialista no gênero) nos visitou, tínhamos por certo que era um espécime de Ficus glabra , mas e

Estrela 07 - Heliconia vellerigera

Imagem
Heliconia vellerigera Poepp. Num belo dia de 1998, um jardineiro me chamou: acontecia uma coisa espantosa num dos sombrais da coleção . Estava florescendo, e pela primeira vez no Sítio , uma determinada helicônia. Não era isso o motivo do alarme , mas o que vinha à luz : algo híbrido , entre lagosta, pela forma e pela cor , e macaco, por ser pendular e... peluda ! Ninguém no Sítio tinha visto nada parecido ( em termos vegetais , pelo menos ). Roberto, se a conhecia, nunca nos preveniu. Hoje , pesquisando pelos aplicativos de busca da Internet – Google, MSN e Copernic –recebi sempre a mesma resposta : “ Sua busca não obteve resultados ”. Foi identificada por ninguém menos que o professor Luiz Emygdio de Mello Filho , nosso insubstituível Conselheiro , e confirmada pelo colecionador José Abalo que já teve a coleção de helicônias maior do mundo . Ele disse que esta talvez fosse do Panamá , porque em qualquer corte

Estrela 06 - Alcantarea edmundoi

Imagem
Alcantarea edmundoi Leme Alguém que me ouça falar de uma bromélia que, quando está em flor, tem 4 metros de altura certamente pensará que é conversa de pescador transposta para o reino da botânica . No entanto , trata-se da mais pura verdade . Refiro-me à Alcantarea edmundoi Leme, que floresceu em março de 2006 , pela primeira vez , no Sítio . A designação genérica foi feita em honra de Dom Pedro II, cujo nome todo era Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paulo Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga – quase tão longo quanto esta Alcantarea é alta . Já o nome específico homenageia o botânico Edmundo Pereira (1914-1986) que dedicou a maior parte de sua carreira , no Jardim Botânico do Rio de Janeiro , à família Bromeliaceae. Segundo o doutor Elton Leme – o botânico que a classificou e a quem agradeço as informações – esta espécie : - é natural do litoral sul do estado do Rio de Janei

Estrela 05 - Astronium graveolens

Imagem
Astronium graveolens Jacq. Dentre as árvores do Sítio , destaca-se uma que tem nome de gente : Gonçalo Alves. Porquê ? Não consegui descobrir e, dentre as hipóteses explicativas, certamente muitos considerariam excessiva “forçação de barra ” suspeitar de que o nome científico graveolens – cheiro forte – que já serviu para denominar a deliciosa e brasileiríssima graviola , tenha nesse caso sido brutal e comicamente transformado no gentílico português . Enfim , aqui na região , de onde também é nativa , a linda árvore chama-se Batam. Pertence à família Anacardiácea, a mesma da mangueira e do cajueiro . ( Esse nome é devido ao fruto em forma de coração de algumas de suas espécies .) É árvore que atinge 90cm de diâmetro no tronco e mais de 35m de altura . A maior do Sítio está com uns 20m. É madeira de lei , tão apreciada que ( além de Tigerwood e Zebrawood) é chamada comercialmente Kingwood ( madeira rei ). Decídua , floresc

Estrela 04 - Strongylodon macrobothrys

Imagem
Foto Harri Lorenzi Strongylodon macrobotrys A. Gray – a Flor de Jade . Dentre as atrações arquitetônicas do Sítio Roberto Burle Marx está a “ casa ” da estrela da vez . É um pavilhão de pouco mais de 400 m², composto de dois ambientes : pérgula ( Pérgula da Flor de Jade ) e cozinha ( Cozinha de Pedra ). As maiores festas do grande anfitrião que era Burle Marx tinham seu epicentro gastronômico neste local – projeto premiado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil em 1963, fruto de parceria com os arquitetos Haroldo Barroso e Rubem Breitman. Esplendidamente integrado aos jardins e à natureza , o pavilhão é um espaço que reúne esculturas diversas, um painel de cerâmica , idéias inusitadas e características geniais : algumas paredes são formadas por pedras de antigas demolições, trabalhadas em cantaria ; o teto sustenta um espelho d’àgua que transborda e forma uma cortina entre a cozinha e a pérgula , caindo num lago , nat

Estrela 03 - Corypha umbraculifera

Imagem
Corypha umbraculifera Um raro espetáculo acontece novamente neste agosto. Dois espécimes de Corypha umbraculifera começaram a florir no Sítio. Esta palmeira , cuja vida tem duração variável entre 40 e 80 anos , é originária do Sri Lanka ( antigo Ceilão) e só floresce uma vez . Em compensação , é a maior inflorescência do reino vegetal . Acima da copa de folhas em leque , que começam a secar e cair , forma-se nova copa , de oito metros de diâmetro , constituída de mais de um milhão de pequenas flores brancas. Quase um quinto das flores oferecem sementes férteis e, cumprida sua parte na tarefa de perpetuação da espécie , a palmeira morre. A primeira floração de Corypha no SRBM teve início uma semana depois da morte de Roberto, em 1994, e soou como homenagem e confirmação , pois consta que quando ele a plantou um visitante ocasional comentara que , se a planta levava tanto tempo para florir, ele não presenciaria. Resposta de RBM: &q

Estrela 02 - Eucalyptus deglupta

Imagem
Eucalyptus deglupta Blume – Um dos gigantes do reino vegetal! Era o que se ouvia na cerimônia simples que se seguiu a um dos infalíveis saraus domingueiros no sítio de Roberto Burle Marx, no início da década de 80. Roberto plantou, naquela tarde, 3 mudas desta árvore: uma em homenagem a seu irmão Walter, outra em homenagem a sua mãe de criação Anna Piazcek, e a outra... não me lembro, mas foi homenagem a alguém também. Algum botânico ali presente disse que esta árvore é o maior dos eucaliptos e que em seu habitat natural chega a 100m de altura, mas isto talvez seja exagero. Os sites da Internet pesquisados, não dão mais que 225 pés, ou seja, 75 metros. Não importa, já é o suficiente para num futuro não muito distante tornarem-se as maiores árvores do Rio de Janeiro, visto que com apenas vinte e poucos anos, já estão com mais de 30m. Seu tronco, que atinge um diâmetro de 240cm, tem um belo aspecto multicolorido, responsável pelo nome vulgar em inglês: rainbow eucalyptus (eucali

Estrela 01 - Ficus pseudopalma

Imagem
Ficus pseudopalma Blanco                Talvez o único espécime no Brasil hoje . Asiática , natural das ilhas Filipinas, foi classificada por Francisco Manuel Blanco (1778-1845). Esse pé de planta tem uma história intrigante : Quando dava aulas de paisagismo na Escola de Belas Artes da UFRJ, eu mostrava aos alunos as plantas e, de preferência , as identificava. No caso dos Ficus apelava freqüentemente para o “sp.” ( termo que se utiliza quando se conhece o gênero e ignora a espécie ). Era Ficus sp . aqui , Ficus sp . ali , até que uma aluna mais exigente reclamou. Passei então a levar para o campo o precioso livro-do-Carauta ( Professor Jorge Pedro Pereira Carauta). C ada vez que nos deparávamos com uma figueira , tentávamos identificá-la com base em seus ensinamentos , dentre os quais encontrei a primeira notícia da estrela de hoje . A mera menção de seu nome causa um choque em quem con